Informações que os tutores precisam saber sobre verminoses – seus riscos, recomendações e precauções.
Os parasitas intestinais interagem com os cães e gatos há milhares de anos, levando a danos de diferentes graus nestes animais. Os vermífugos, como são popularmente conhecidos os medicamentos usados para tratar verminoses, vêm sendo aliados da medicina veterinária, já que controlam e curam uma série de enfermidades dos nossos pets. Porém seu uso desmedido traz riscos à saúde pública e aos animais, por tornar alguns parasitas resistentes a esses tratamentos. Portanto, se faz necessário saber como agir se seu animal de estimação apresentar sinais de infecção parasitária, além de saber o que fazer para prevenir a sua contaminação.
Sinais clínicos
As verminoses, muitas vezes apresentam sinais clínicos pouco específicos. Estes são os mais comuns:
- Diarreia
- Fezes escuras
- Fezes com estrias de sangue
- Vômito
- Perda de peso
- Apatia
- Falta de apetite
- Prurido perianal
- Dor e inchaço abdominal
À apresentação de um ou mais destes sinais clínicos, o tutor deve levar seu pet ao veterinário o quanto antes. Lembrando que o tratamento deve ser acompanhado por um médico veterinário e realizado conforme a prescrição, obedecendo aos intervalos de aplicação entre as doses, para garantir a máxima eficácia do vermífugo.
Zoonoses
Algumas doenças têm caráter zoonótico, e seu controle e tratamento são imprescindíveis para evitar a doença nos seres humanos. A ingestão de cistos de Giardia spp pode causar giardíase, o contato de larvas de Ancylostoma spp com a pele de humanos pode levar ao aparecimento de larva migrans cutânea, também conhecida como “bicho geográfico”, a ingestão de ovos de Toxocara spp pode causar larva migrans visceral, a ingestão de pulgas contaminadas por Dypilidium spp pode infectar humanos, assim como os animais.
Endoparasitas mais comuns nos cães:
- Ancylostoma spp.
- Dypilidium caninum
- Toxocara canis
- Giardia spp.
- Cystoisospora spp.
Endoparasitas mais comuns nos gatos:
- Ancylostoma spp.
- Dypilidium caninum
- Toxocara cati
- Giardia spp.
Diagnóstico
O diagnóstico das endoparasitoses pode ser feito pelo médico veterinário com exame coproparasitológico, o qual tem como objetivo identificar qual o parasita presente no animalzinho, por meio da coleta e análise de suas fezes. O diagnóstico correto aumenta as chances de sucesso do tratamento.
Tratamento
O tratamento realizado após um diagnóstico mais sensível, leva a melhores resultados no desfecho do caso. Entretanto o uso preventivo de vermífugos é comum na medicina veterinária e sua recomendação varia conforme a conduta de cada profissional, variando de uma a duas aplicações de vermífugo por ano, geralmente.
Prevenção e controle
A prevenção é o fator mais importante quando se fala de verminoses, por isso, aqui estão algumas ações que protegem seu amiguinho de doenças:
- Mantenha o ambiente em que o animal vive limpo, livre de fezes e pulgas (a dipilidiose se dá pela ingestão de pulgas contaminadas com Dypilidium caninum);
- Dê banhos regulares em seu pet;
- Mantenha os comedouros e bebedouros do seu pet limpos;
- Forneça água filtrada e realize a troca da água diariamente;
- Evite a superpopulação de animais em espaços pequenos;
- Se o animal defecar durante o passeio, junte suas fezes, assim cortando o ciclo dos vermes;
- Forneça alimentos higienizados e evite o fornecimento de alimentos crus que não foram devidamente condicionados;
- Se o animal for diagnosticado com alguma verminose, realize o tratamento prescrito até o final, a fim de atingir todos os estágios do parasita e evitar recidivas;
- No caso da giardíase, existe uma vacina disponível no mercado, entretanto seu uso não é recomendado pelo guia de vacinação da WSAVA (World Small Animal Veterinary Association).
A forma mais comum de contaminação dos pets é pela via fecal-oral, ou seja, o animal ingere alimentos ou objetos que foram contaminados pelas fezes de indivíduos infectados, os quais estão eliminando ovos, larvas ou cistos. Transcorrido um tempo após a ingestão da forma infectante do parasita, os animais podem ou não apresentar sinais clínicos, a depender de fatores individuais (raça, idade, sexo, gestação) fatores ambientais (higiene do ambiente, quantidade de indivíduos alojados no mesmo espaço) e fatores parasitários (patogenicidade, carga parasitária). A carga parasitária aumenta consideravelmente em ambientes sujos com fezes, facilitando a contaminação dos animais com parasitoses.
No caso de Dyipilidium caninum, o animal se contamina com a ingestão de pulgas portadoras de cisticercos do platelminto, sendo estritamente necessário o controle das pulgas para o controle da doença, neste caso.
Concluindo, a prevenção é a melhor forma de manter nossos animais longe das verminoses. A via fecal-oral é a principal porta de entrada para estas doenças, portanto, ambientes bem higienizados e alimentos bem condicionados diminuem muito as chances de seu pet adoecer por conta de parasitas.
Autor: Henrique Corrêa < henriquecorreaveterinario@gmail.com >
Graduando em Medicina Veterinária
Referências
https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/642884/2/LIVRO%20PARASITOLOGIA%20VETERIN%C3%81RIA.pdf
https://www.scielo.br/j/abmvz/a/sTMZ5jSFRrjYybDqP49pQ9m/?lang=pt
https://www.petlove.com.br/dicas/verminose-por-ancylostoma-caninum-em-cachorros